[Dom Luiz Antonio Lopes Ricci - Bispo Auxiliar de Niterói/RJ]
De 02 a 09 de junho, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) promove a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), neste ano, com o tema: “Procurarás a justiça, nada além da justiça” (Dt 16,20). Trata-se da semana que antecede a Solenidade de Pentecostes, evento que confirma a plausibilidade do entendimento, respeito, diálogo e vivência da unidade na diversidade. É um apelo para que rezemos pela unidade dos cristãos e busquemos meios para operacionalizar o ecumenismo através de ações concretas e compartilhadas.
Cabe aqui apresentar a distinção entre ecumenismo e diálogo inter-religioso. O ecumenismo diz respeito à relação entre igrejas cristãs e, consequentemente, entre cristãos. Literalmente, podemos dizer que ecumenismo significa viver na mesma “casa” respeitando as diferenças. Sabe-se que há algumas divergências quanto à doutrina. Contudo, na prática da fé (caridade) e da solidariedade concreta, podemos nos unir. Isso implica buscar o que nos une e não o que nos separa. Já o diálogo inter-religioso refere-se à relação entre religiões e grupos religiosos. Buscar essa convivência respeitosa é hoje uma regra de ouro, um imperativo moral.
Hans Küng, em Projeto de ética mundial, propõe “uma moral ecumênica em vista da sobrevivência humana”, pois segundo ele “não haverá sobrevivência sem uma ética mundial; não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões e não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões”. Ressalta também que não podemos nos esquecer de buscar uma “coalisão de crentes e não-crentes”, pois pela reta razão e reciprocidade das consciências, os homens são capazes de encontrar soluções para os problemas novos e emergentes (cf. GS, n.16).
Mesmo sem desconsiderar as diferenças, a identidade e o específico de cada religião, é factível estabelecer entre elas uma aproximação, evitando a contraposição. Hans Küng alerta ainda, que as religiões são fenômenos ambivalentes e, consequentemente, produtoras de ações positivas, mas em alguns casos, de fatos negativos. Aqui emerge a relação fé e razão, pois fé sem razão pode produzir fundamentalismo e intolerância.