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Deus através da música!"

Homilia: Festa de Nossa Senhora de Fátima (2023)

13 MAI 2023
13 de Maio de 2023
[Padre Thiago de Oliveira Raymundo, vigário paroquial]

Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima, Pouso Alegre (MG)

13 de maio de 2023


1917. Nossa Senhora apareceu a três crianças, na região onde hoje é Fátima, em Portugal. Aconteceu uma experiência mística com três crianças numa região rural.

7 de abril de 1953. Alguém já era nascido nessa data, aqui em Pouso Alegre? Alguém se lembra dessas fotos? Alguém se lembra desse dia? Depois, se o dono da foto permitir, nós colocamos nas redes sociais para vocês enxergarem melhor.

No dia 7 de abril de 1953, há exatamente 70 anos, a imagem de Nossa Senhora de Fátima peregrina do mundo passou em Pouso Alegre e ela foi recebida aqui em nossa cidade. Essas fotos são da procissão que aconteceu no Bairro São Geraldo e o andor de Nossa Senhora foi enfeitado com hortênsias. Quem carregou o andor foram pessoas ilustres daquele tempo: dom Otávio, bispo de Pouso Alegre na época; doutor Miranda, prefeito municipal, e doutor Jésus Ribeiro Pires, que é o pai da irmã Maria Celina do Carmelo. Essas fotos são da irmã Maria Celina e, gentilmente, ela nos enviou esta semana, como um sinal de comunhão com a festa que estamos celebrando aqui.

1975. Há 48 anos, esta paróquia foi criada por dom José d’Ângelo. Estamos bem próximos do ano jubilar, dos 50 anos de nossa paróquia. 2025 é logo ali.

2020. Padre Jésus assumiu esta paróquia como pároco, com a ajuda do padre Tales, padre Junior e, depois também, com a ajuda do padre Benedito.

Em 2023, tive a graça de vir trabalhar aqui, com a nossa comunidade. Digo graça e oportunidade de estar com vocês, compartilhar o dom da vocação com vocês e estar mais perto de Nossa Senhora. Neste ano, como disse no início da missa, completamos 10 anos da Web Rádio 13 de Maio em nossa paróquia.

Além desse motivos que contextualizam a nossa celebração de hoje, temos muito a agradecer a Deus. Quase 50 anos, mais de 70 anos, mais de 100 anos, o mundo, Pouso Alegre e nós olhamos para Nossa Senhora e a chamamos de Nossa Senhora de Fátima. Esse título que a Igreja hoje celebra é um convite para reconhecermos que é importante ter a simplicidade das crianças e reconhecer também os sinais de Deus em nossa vida, principalmente na agitação da vida urbana.

Em 1917, Nossa Senhora apareceu a crianças. Apenas um detalhe? Podemos dizer que não. Lúcia, Jacinta e Francisco. Essas crianças nos apontam a importância de ser simples como as crianças. Uma criança é toda de Deus. É espontânea. É singela. É elétrica. Faz muita arte. E nos ensina que a vida pode ser diferente da formalidade, dos protocolos do dia-a-dia, da dureza e dos ritmos que vivemos hoje. Aquelas crianças de Fátima souberam reconhecer os sinais de Deus. Souberam reconhecer os sinais de Nossa Senhora. Souberam acolher o extraordinário no ordinário da vida. Souberam enxergar o brilho de Deus por meio da aparição da Virgem Maria. Ser simples, como as crianças.

A aparição de Nossa Senhora aconteceu num ambiente rural. Pode vir alguma coisa boa da “roça”? Pode. A aparição de Nossa Senhora aconteceu entre pastorinhos, no campo, numa região montanhosa. Outras aparições de Nossa Senhora aconteceram pelo mundo. No manto de um índio, entre flores; num rio no Brasil; num oratório, na Argentina... As aparições de Nossa Senhora não tiram Deus do seu lugar, mas são sinais para reconhecer que Deus age em nossa história. Que sua forma extraordinária de nos amar nos pede uma vida diferente.

Na roça de Fátima, na roça de Portugal, aconteceu um sinal que marcou o mundo. Um sinal mariano que pedia mais oração e mais penitência pela salvação do mundo. Na vida urbana, nem sempre temos tempo para reconhecer os sinais mais importantes. Na correria do dia-a-dia, como é difícil viver a contemplação. Como é difícil fazer silêncio. Como é difícil reconhecer que Deus está próximo de nós. Às vezes, é preciso deixar um pouco a correria desta “roça” de pedras, asfalto, barulhos, motores e prédios que vivemos para contemplar os dons da criação.

Na natureza, na água, nos seres vivos, no dom da vida, Deus também está presente. Há rastros do Sagrado no dom da criação. O dom da vida que pulsa no nosso coração também é um grande sinal a ser resgatado, a ser vivenciado, experimentado. Lá em Fátima, em 1917, aquele sinal nos aponta para a urgência de sempre reconhecer que Deus está bem perto de nós. E para isso é preciso ter olhos abertos, coração aberto, fazer silêncio e valorizar aquilo que é importante: a Palavra, os sacramentos, a Eucaristia, o silêncio, a adoração, o terço, a presença, a convivência, a vocação, a missão que Deus nos dá e, principalmente, a caridade que está entre nós, cristãos católicos, e vai além de nós, alcançando as pessoas de boa vontade.

Fátima nos aponta uma experiência mística de crianças num ambiente rural, num outro tempo, num outro ritmo, num outro mundo e continuamos no desafio de vivenciar também experiências místicas hoje, reconhecer o extraordinário de Deus no ritmo do dia-a-dia.

Nossa Senhora nos ajuda nessa tarefa. Ela esteve unida à Igreja no seu início. A primeira leitura hoje, início dos Atos dos Apóstolos, apresenta Nossa Senhora reunida com a Igreja lá no seu início, depois da ascensão do Senhor. O Senhor ressuscitou, apareceu várias vezes e voltou para o Pai. A Igreja estava sozinha, abandonada? Não! Estava fortalecida pelo Espírito Santo. E o que faziam os primeiros cristãos? Rezavam. Eram perseverantes na oração. Nossa Senhora estava naquele grupo. O que ela pediu em Fátima? Perseverar na oração.

O anjo trouxe uma Boa Notícia a Nossa Senhora. Ouvimos no Evangelho, de Lucas, da Anunciação: o anúncio de uma Boa Notícia. A Boa Notícia de que Maria seria a Mãe de Jesus, uma notícia que lhe trouxe certamente espanto, medo, dúvida, incompreensão. Como vai ser? Mas, que missão é essa? Nos limites humanos, Nossa Senhora soube dizer sim. Mesmo sentindo medo, ela soube reconhecer a voz de Deus por meio do anjo. “Não tenhais medo!”. O medo é uma situação muito humana que pode até proteger a vida, preservar de um acidente, de algo violento, desconhecido. Mas, é algo que também pode atrofiar e impedir o desenvolvimento de uma vocação, de uma missão.

O que seria de nós se Maria tivesse dito não? Se o medo tivesse prevalecido em seu coração? Se ela não tivesse acolhido a voz do anjo? Se ela não tivesse entendido a boa provocação? “Não tenhais medo, Maria!”. O que seria de nós? Não sabemos. Mas, diante desse condicional, precisamos reconhecer a importância de superar o medo, com o dom da coragem que o Espírito Santo nos dá. O medo pode paralisar o coração, pode atrofiar as pernas, pode nos impedir de nos relacionarmos com Deus e com o irmão. Muito maior que o medo, é o dom da coragem. Coragem: que nos ajuda a romper, a ir mais além, a confiar, a ter esperança, principalmente quando a dúvida é bem forte no coração.

Encerro esta mensagem com um presente que nossa comunidade recebeu esta semana. Mostrei as fotos da irmã Maria Celina. E ela mandou alguns versos, transformando em rimas e palavras uma homenagem a Nossa Senhora.

“Para o padre Jésus, padre Thiago e a comunidade da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Nossa Senhora merecia algo melhor. 13 de maio de 1917. Dia 13 é um lindo dia em que a Santa Mãe Maria lá em Fátima aparece. Aparece a três crianças na inocente infância tão cheia de esperança. Antes do gado soltar, pra Igreja vão andar, para a missa assistir. Ao voltar para casa, o sol quente as abrasa, sem mesmo quase as ferir. Pegam a sua merenda e, deixando a vivenda, vão buscar as ovelhas. Lúcia é quem vai decidir, o sítio para onde ir, o lugar que mais convinha. Perto então do meio dia, estavam na cova da Iria, do pais de Lúcia propriedade, abriram sua merenda, trazida de sua vivenda, com muita boa vontade. Puseram-se a rezar, com o céu dialogar, com grande devoção. Foram com o terço orar, jamais iam suspeitar o fim de sua oração. Um reflexo de luz ali bem perto reluz, um relâmpago pensavam ver. Mas, para o céu foi seu olhar e nada os fez pensar de tormenta acontecer. Quem comanda então é Lúcia, liderando as minúcias. É melhor para casa ir! Mas, um mais forte clarão, sem movimento os farão, sem dali poder sair. Para a direita então a se voltar e é com espanto que notam sobre a copa da azinheira a celeste aparição, aquela doce visão, a divina mensageira. Nenhum mal vos vou fazer. Nenhum medo deveis ter. E bem triste lhes sorri. Pela falta de confiança desses suas três crianças, com medo de estar ali. Lucia anima a perguntar e resposta ela irá dar. Vossa mercê donde é? Sou do céu, vai responder, erguendo a mão a dizer, doutro lado é que é. Eu vim para lhes pedir de seis meses aqui vir, no dia 13, a esta hora. Depois, quem sou eu direi. E, então eu voltarei, lhes disse Nossa Senhora. Lá do céu veio a Senhora, pensou Lúcia nesta hora e resolveu perguntar: E eu, para o céu irei? Sim! Sim! Eu te levarei. Foi essa a resposta a dar. Quereis vos oferecer para vós aqui sofrer o que Deus vos enviar, para os outros reparar. Reparar pelos pecados que foram perpetrados para de Deus se separar. Sim! Queremos ajudar. Queremos o irmão salvar. Rezar pelos pecadores, pela sua conversão, pela sua contrição, por todas as suas dores. Ides pois ter que sofrer, com o Cristo padecer. Mas não faltará a graça. Com Jesus, almas salvar, pra no céu com Ele estar. Neste mundo tudo passa. Nossa Senhora de Fátima apareceu a Lúcia, de 10 anos, e a seus primos, Francisco, de 9 anos, e Jacinta, de 7 anos”. De irmã Maria Celina de Jesus Hóstia, Carmelo da Sagrada Família de Pouso Alegre.

Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!


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